Martinha Maia
Martinha Maia nasceu em S. Mamede do Coronado, Portugal, em 1976. Atualmente vive e trabalha no Porto. Licenciou-se em Artes Plásticas na ESAD, Caldas da Rainha e fez uma pós-graduação em Teoria da Arte, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Teve uma bolsa de residência da Fundação Calouste Gulbenkian na Casa Velázquez, em Valência. Realizou diversas exposições individuais e integrou exposições coletivas, em Portugal e no estrangeiro.
Ficha técnica
Martinha Maia
Plantarum, um acto poético.
Técnica mista com fibras têxteis
27 x 40m
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Uma homenagem a Vitis vinífera
Há milhões e milhões de anos atrás ao contrário dos animais que optaram por se deslocar para procurara alimento para sua sobrevivência, as plantas tomaram a difícil opção de ficar presas ao solo, retirando do sol toda a energia e adaptando de uma forma extremamente inteligente e sofisticada modos de sobreviver a predadores, pragas e ambientes hostis. É curioso como estes seres vivos sem cérebro, sabem pensar e encontraram formas de prosperar com poucos recursos estando imoveis.
A videira - Vitis vinífera não é exceção.
A vinha ou videira encontrou uma forma de sobrevivência usando o homem como seu servo e em troca retribuir o favor na produção do néctar dos deuses, o vinho. Este pacto útil e necessário fez com que tanta a planta como o homem prosperassem. Tanto o mundo vegetal como o animal beneficiam destas conceções e relações entre ambos os mundos, embora opostos. Os animais deslocam-se e consomem recursos, as plantas são lentas e produzem riqueza e, no entanto, fazem parte de um gigantesco sistema, o nosso planeta. Inspirado no ciclo videira e na forma como gere a sua existência (ao perder as folhas para economizar energia; entrando no estado de invernação de maneira a poupar recursos; como exclui a seva inútil como poupança energética), fez-me pensar como esta magnifica planta nos dá pistas sobre a forma como devemos atuar em relação ao mundo. Todo este engenho característico das plantas deviria ajuda-nos usar os nossos recursos de uma forma mais consciente e eficaz. É curioso como todas estas questões fazem todo o sentido e estão na ordem do dia. O mais interessante que toda a matéria-prima, bem como energias não renováveis nada mais são do que uma forma diferente da energia do sol fixada há milhões de anos pelas plantas. Assim a nossa existência como qualquer outra forma de vida está inteiramente dependente do fascinante mundo vegetal. A minha proposta é um olhar para a Natureza e as suas interações e relembrar como nos encontramos interligados e como é da nossa responsabilidade conservar o nosso planeta. As teias e tramas são uma espécie de raízes e tecido orgânico (pele), com elos de ligação entre a nossa condição de ser humanos e resto do mundo, por onde se inscrevem narrativas e reflexões e formas de pensar (a nossa existência), numa espécie de processo de cura e redenção.
Martinha Maia
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