Filipa Bossuet
Utilizando a pintura, fotografia e vídeo experimental para retratar processos identitários, negritude, memória e cura, Filipa Bossuet é o culminar do interesse pelas artes, jornalismo e tudo o que a faça sentir viva. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, é discente no mestrado de Migrações, Inter-etnicidades e Transnacionalismo e é membro da União Negra das Artes. Desde 2020, além de criar trabalhos e participar em exposições, desenvolveu o conceito MANKAKA KADI KONDA KO que se ramificou na sua primeira instalação a solo independente, em contexto virtual 360º de imersão ao espaço criativo físico e mental da artista. Em 2022, o conceito desenvolve-se numa segunda ramificação, em instalação física, presente na exposição “Interferências” no MAAT.
Ficha Técnica
Filipa Bossuet
UHURU
Escultura de madeira e Kwangas em embalagens intervencionadas
Dimensões variáveis
Filipa Bossuet cria o seu cangulo carregado de kwangas. Cangulo é um veículo improvisado de trabalho utilizado maioritariamente por jovens em Angola para transportar mercadoria. Roboteiro é o nome dado aos jovens que exercem a profissão para sustentarem-se face à precariedade económica. No Congo o instrumento de trabalho, associado também à brincadeira, chama-se Chukudu. Kwanga é um acompanhamento de mandioca tradicionalmente consumido no Congo. Este cangulo carregado de kwangas enquanto um veículo de carga é a representação de um movimento que transcende o ato de resistência à dominação, representando um presságio à criação de novas formas de imaginar e construir o futuro. Sobre esse presságio, Bossuet convida à reflexão através do consumo das kwangas conservadas em folhas de mandioca e embaladas em plástico, adaptadas pela artista, numa performance coletiva em que se interpreta, transporta, abre e consome a origem, a essência, o que há de mais puro. Reflete-se identidade, precariedade económica e os limites territoriais.